Sobrenome é um nome adicionado a um nome dado e é parte de um nome pessoal.
Muitos dicionários definem “sobrenome” como sinônimo de “nome de família”.
Até por volta do século XII, os europeus tinham o costume de dar apenas um nome para os seus descendentes. Nessa época, talvez pelo próprio isolamento da sociedade feudal, as pessoas não tinham a preocupação ou necessidade de cunharem outro nome ou sobrenome para distinguir um indivíduo dos demais. Contudo, na medida em que as sociedades cresciam, a possibilidade de conhecer pessoas com um mesmo nome poderia causar muita confusão.
Em alguns países ocidentais, é comumente chamado de “sobrenome”, com a notável exceção da Hungria, onde, como na China, Japão e em muitos outros países do Leste Asiático, o nome da família é colocado antes do nome dado de uma pessoa.
O estilo ocidental de ter um nome de família (sobrenome) e um nome (nome de batismo ou nome próprio) está longe de ser universal. Em muitos países é comum que as pessoas comuns a ter apenas um nome.
Em algumas culturas, incluindo os da maioria dos países ocidentais, o sobrenome de família é colocado após o nome pessoal. Em outras culturas o sobrenome é colocado em primeiro lugar, seguido do nome.
Hoje em dia, algumas pessoas têm o interesse de remontarem a sua árvore genealógica ou conhecer as origens da família que lhe deu sobrenome. Talvez, observando algumas características do próprio sobrenome, elas possam descobrir um pouco da história que se esconde por detrás do mesmo.Construir uma árvore genealógica é uma tarefa desafiadora, pois requer tempo e dedicação para pesquisar sobre os antepassados e reunir todo o tipo de registros sobre os familiares.
Tipos de Sobrenomes:patronímicos, matronímicos e toponímicos.
Os patronímicos são nomes derivados do nome próprio do pai que, há muitos séculos atrás, começou a ser utilizado como sobrenome.
São os sobrenomes mais comuns nos locais onde o português é falado, como também em muitas outras línguas. Exemplos:Henriques, Rodrigues, Lopes, Nunes, Mendes, Fernandes, Gonçalves, Esteves, Simões e Álvares, onde a terminação -es significa “filho de”. O significado é o mesmo do sufixo -ez utilizado na língua castelhana.
Alguns sobrenomes patronímicos não terminam em es. Ao invés disso, terminam em iz, como Muniz (filho de Monio) e Ruiz (filho de Ruy), ou ins, como Martins (filho de Martim).
No início da aquisição dos sobrenomes, a terminação –es não era utilizada.
Assim, Joana filha de Fernando poderia ser chamada de Joana Fernando, como André João significando André filho de João.
Pode-se encontrar hoje em Portugal e no Brasil pessoas que ainda usam sobrenomes que já foram nomes próprios de outras pessoas, mas que foram passados de pais para filhos durante gerações e não têm a terminação -es, tais como Valentim, Alexandre, Fernando, Afonso e Antonio . Nomes como Dinis, Duarte, Garcia e Godinho eram originalmente nomes próprios, mas hoje são utilizados no Brasil quase que exclusivamente como sobrenomes, apesar de Duarte e Dinis ainda serem nomes próprios comuns em Portugal.
Os matronímicos (sobrenomes derivados de nomes próprios femininos) quase nunca são utilizados em português, mas sobrenomes como “Catarino” (de Catarina) e “Mariano” (significado relacionado a Maria) podem ser provenientes tanto do nome da mãe verdadeira com da mãe espiritual Virgem Maria.[
Alguns patronímicos antigos não são facilmente reconhecidos, por duas razões principais.
Às vezes, o nome próprio que originou o patronímico tornou-se antiquado, como:
Lopo (que originou Lopes)
Mendo ou Mem (Mendes)
Vasco (Vasques), Soeiro (Soares)
Munio (Muniz)
Sancho (filho de Sanches).
Além disso, muitas vezes os nomes dados ou os patronímicos relacionados modificaram-se através dos séculos, embora sempre possa ser notada algumas semelhanças como:
Antunes (filho de Antão, ou Antônio)
Peres (filho de Pero, forma arcaica de Pedro)
Alves (de Álvares, filho de Álvaro)
Eanes (do medieval Iohannes, filho de João).
Toponímicos são um número considerável de sobrenomes, supostamente para descrever a origem geográfica de um indivíduo, como o nome de uma aldeia, vila, cidade, região ou rio. Encaixam-se nessa regra sobrenomes como. Almeida, Andrada ou Andrade, Barcelos, Barros, Bastos, Castelo Branco, Cintra (de Sintra), Coimbra, Faria, Gouveia, Guimarães, Lima (nome de um rio, não a fruta), Lisboa, Pacheco (da vila de Pacheca), Porto, Portugal, Brasil, Serpa etc. Um sobrenome como Leão pode significar que um antepassado veio do antigo reino espanhol de León (noroeste de Espanha) ou então da cidade francesa de Lyon (em português, Lião). Mas nem todas as aldeias e vilas que originaram esses sobrenomes ainda existem, mantiveram o nome original ou são habitadas hoje.
Alguns nomes especificam a localização da casa de uma família dentro de uma aldeia:
Fonte (junto à fonte)
Azenha (pela azenha, moinho d’água)
Eira (pelo eira)
Tanque (pela cisterna da comunidade)
Fundo (parte mais baixa da vila)
Cimo/Cima (na parte superior da cidade)
Cabo (na extremidade da aldeia)
Cabral (próximo ao campo onde as cabras pastam).
Alguns termos geológicos ou geográficos também foram utilizados na nomeação, como :
Pedroso (pedregoso ou cheios de terra)
Rocha, Souza/Sousa (do latim saxa, um lugar com seixos, ou o nome de um rio português)
Vale, Ribeiro (pequeno rio, córrego, riacho)
Siqueira ou Sequeira (terra não irrigada)
Castro (castelo ou ruínas de construções antigas)
Dantas (de d’Antas, um local com antas, ou seja, monumentos de pedra pré-históricos ou dólmens), Costa (litoral)
Pedreira, Barreira (pedreira de argila).
Ferreira é um sobrenome toponímico, utilizado pela primeira vez por pessoas que viveram em muitas cidades e aldeias chamadas Ferreira, ou seja, um lugar onde era possível encontrar minério de ferro.
Nomes de árvores e plantações também são nomes toponímicos, supostos inicialmente para identificar um ancestral que viveu perto ou dentro de alguma fazenda, pomar ou um local com um tipo característico de vegetação.
Silva (uma espécie de baga; também significando mata)
Silveira (local coberto por silvas)
Matos (bosques, florestas)
Campos (campos de grama, pradarias)
Teixeira (local coberto por teixos, uma espécie de árvore)
Queirós (um tipo de erva)
Cardoso (local coberto por cardos, ou seja, alcachofra-brava ou espinhos)
Correia (local coberto por corriolas ou correas, um tipo de planta)
Macedo (um jardim de macieiras)
Azevedo (uma floresta de azevinho, ou seja, madeira de azevinho)
Nomes de árvores são sobrenomes toponímicos bastante comuns: Oliveira, Carvalho, Salgueiro, Pinheiro, Pereira, Moreira (de amoreira), Macieira, Figueira.
Sobrenomes com significados religiosos são comuns. É possível que alguns destes originaram-se de um ancestral que se converteu ao catolicismo e necessitou mostrar a sua nova fé. Outra possível origem para os nomes religiosos era de que órfãos foram abandonados em igrejas e criados em orfanatos católicos por padres e freiras, geralmente batizados com um nome relacionado à data mais próxima do dia que eles foram encontrados ou batizados. Ainda outra fonte possível é de nomes próprios de religiosos anteriores (que exprimem devoção especial por parte dos pais ou dos padrinhos, ou a data de nascimento da criança) foram adotados como nomes de família.
Entre os nomes religiosos, incluem-se nomes como:
Jesus, dos Reis (dia da Epifania do Senhor, o Dia dos Reis Magos)
Ramos (Domingo de Ramos, o domingo anterior à Páscoa)
Pascoal (da Páscoa), da Assunção (Assunção da Virgem Maria)
do Nascimento (da Natividade da Virgem Maria ou o Nascimento de Jesus – Natal)
da Visitação (Visitação da Virgem Maria)
da Anunciação (Anunciação da Virgem Maria)
da Conceição (Imaculada Conceição da Virgem Maria)
Trindade (do Domingo da Trindade)
do Espírito Santo (da Festa do Espírito Santo)
das Chagas (proveniente da Festa das Cinco Chagas de Cristo)
Graça (de Nossa Senhora da Graça)
Patrocínio (de Nossa Senhora do Patrocínio)
Paz (de Nossa Senhora Medianeira da Paz)
Luz (de Nossa Senhora da Luz Divina)
Neves (de Nossa Senhora das Neves)
Penha (de Nossa Senhora da Penha da França, que em espanhol é chamada de Nuestra Señora de Penafrancia)
das Dores (Nossa Senhora das Dores)
Bonfim (de Nosso Senhor da Boa Morte)
das Virgens (das virgens mártires)
dos Anjos (proveniente dos arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel)
São João, Santana (Santa Ana)
Santos (Dia de Todos os Santos ou Dia de Finados)
Cruz (o sobrenome mais comum entre os judeus de Belmonte).
Um órfão de pais desconhecidos ou um convertido (judeu, escravizado africano ou nativo americano) poderia ser batizado com o nome de um santo, como João Batista (de São João Batista), João Evangelista (de São João Evangelista), João de Deus (de São João de Deus), Antônio de Pádua (de Santo Antônio de Pádua), João Nepomuceno (de São João Nepomuceno), Francisco de Assis (de São Francisco de Assis), Francisco de Paula (de São Francisco de Paula) , Francisco de Salles (de São Francisco de Salles), Inácio de Loiola (de Santo Inácio de Loyola), Tomás de Aquino (de Santo Tomás de Aquino), José de Calanzans (de São José de Calasanz), ou José de Cupertino (de São José de Cupertino). Em seguida, eles costumavam transmitir apenas o segundo nome próprio (Batista, Evangelista, de Deus, Pádua, Nepomuceno, Assis de Paula, Sales, Loiola, Aquino, Calanzans e Cupertino) para seus filhos como um sobrenome.
Outros sobrenomes:
Peixoto (“peixe pequeno”, dado a um nobre que utilizava peixes para enganar seus inimigos durante uma citação[carece de fontes])
Veloso (lanoso, de lã, ou seja, peludo)
Ramalho (cheio de galhos de árvores; espesso, ou seja, barba espessa
Barroso (coberto de barro, ou seja, espinhas)
Lobato (lobo pequeno, filhote de lobo)
Vergueiro (que se dobra, ou seja, fraco)
Medrado (crescido, ou seja, alto)
Tinoco (curto, pequeno)
Porciúncula (pequena parte, um pedaço pequeno)
Gago, Galhardo (galante, cavalheiro)
Romero (de romeiro, peregrino, ou seja, alguém que fez uma viagem religiosa para Roma, Santiago de Compostela ou Jerusalém).
São poucos os sobrenomes portugueses que se originaram de profissões ou ocupações, como:
Serrador, Monteiro (caçador de montes ou guarda-madeira)
Caldeira (de caldeirão, por exemplo)
Cubas (barris de madeira, ou seja, fabricantes de barris e tanoeiros)
Carneiro (para um pastor)
Sobrenomes judaico-portugueses
Costuma-se dizer que os judeus que viveram em Portugal até 1497, quando foram obrigados a escolher entre a conversão ou a expulsão, substituíram seus sobrenomes originais por nomes de árvores que não produzem frutos comestíveis, como Carvalho e Junqueira (cana-de-açúcar, bambu, junco). Outros dizem que os judeus normalmente escolhem nomes de árvores, tais como Pereira e Oliveira, e de animais, como Coelho e Carneiro. No entanto, tais versões não passam de mitos, pois todos esses sobrenomes já eram utilizados para designar cristãos desde meados da Idade Média.
Outro nome de família geralmente apontado como indicador de ascendência judaica é o Espírito Santo. A explicação é que os judeus adotariam como nome de família uma palavra (aparentemente) cristã por engano. Na verdade, eles estavam escolhendo a pessoa que mais incorporasse a Trindade, isto é, aquele que ofendeu sua fé judaica (secreta). Esta teoria não é totalmente fundamentada, uma vez que existem provas de que o culto ao Espírito Santo cresceu após 1496, especialmente entre cristãos-novos. Isso não exclui que o Espírito Santo também foi adotado pelos cristãos fiéis, seguindo a lógica de outros sobrenomes religiosos.
Os judeus portugueses que viveram em Portugal até 1497 tinham nomes próprios que poderiam distingui-los da população cristã. A maioria desses nomes são traduções em português dos antigos nomes semíticos (árabe, hebraico, aramaico) como Abenazo, Abencobra, Aboab, Abravanel, Albarrux, Azenha, Benafull, Benafaçom, Benazo, Caçez, Cachado, Çaçom/Saçom, Carraf, Carilho, Cide/Cid, Çoleima, Faquim, Faracho, Faravom, Fayham/Fayam, Focem, Çacam/Sacam, Famiz, Gadim, Gedelha, Labymda, Latam/Latão, Loquem, Lozora, Maalom, Maçon, Maconde, Mocatel, Molaão, Montam, Motaal, Rondim, Rosall, Samaia/Çamaya, Sanamel, Saraya, Tarraz, Tavy/Tovy, Toby, Varmar, Zaaboca, Zabocas, Zaquim, Zaquem, Zarco. Alguns nomes são toponímicos, como
Catelaão/Catalão, Castelão/Castelhão (castelhano)
Crescente (da Turquia)
Medina, Romano, Romão, Romeiro, Tolledam/Toledano (de Toledo)
Valencia e Vascos (Basco).
Alguns eram patronímicos de nomes bíblicos, como Abraão, Lázaro, Barnabé, Benjamim, Gabriel, Muça (Moisés) e Natam (Natã).
Alguns são apelidos, como Calvo (careca)
Dourado (ouro, como o alemão Goldfarb)
Ruivo (cabeça vermelha)
Parente (parente da família)
Alguns estudiosos revelaram que os judeus naturalizados portugueses em geral escolheram patronímicos como novos sobrenomes, e, quando a conversão não foi obrigatória, eles costumavam escolher o sobrenome do padrinho.
Apesar disso, a comunidade judaico-portuguesa que floresceu na Holanda e em Hamburgo, na Alemanha, após serem expulsos de Portugal, utilizaram sobrenomes que eram comuns entre os antigos cristãos portugueses, como Camargo, Costa, Fonseca, Dias e Pinto. Talvez a sua maioria tivesse pais ou avós que foram obrigados a se converter em Portugal, e após a emigração para a Holanda, eles receberam a fé judaica do país de braços abertos, mas continuaram utilizando os sobrenomes dos seus padrinhos.